Belíssimos dias na Cidade da Bahia, agora já passado mais que o meio do mês de março. E aquelas águas do Jobim não chegaram para fechar o verão. Por isso é de bom tom, mesmo não lambuzado de batom, mesmo com trocadilhos óbvios, mesmo eu não sempre sendo o mesmo - varicelas do tempo, varizes dos dias - mesmo assim é bom voltar aos textos e falar na mosca, no olho do centro do alvo, suar calor nas páginas eletrônicas, enquanto meu lápis ainda hoje rabisca rascunhos em folhas toscas, mesmo assim e assado, todo nó e laço só se atém ao que querem manter, preservar, conter, decorar, envolver; quero dizer: amar.
Mesmo nos dias chuvosos de Paraty, semana atrás, dias nebulosos sem frio, dias de mormaço, fabulosos em seus maços de surpresas de clima entre o céu e a terra, dentre os seres vivos. Entre aqueles que se amam e os outros tantos que se amam mas ainda não encontraram os outros que os amarão e serão felizes ou não, não importa, o que vale é que os seres vibrem. Mas mesmo nos poucos dias ditosos entre o Rio de Janeiro, Niterói e Paraty, mesmo com mormaço e chuva, indo mar adentro ou ancorando a escuna, mesmo assim, eu não sendo sempre o mesmo - taquicardias do entendimento, flatos na boa alegria.
Volto ao texto como quem não faz uma comparação nem uma metáfora, volto ao texto porque ele me é a mais bela mácula, coisa que me faz sentir são, me dá a noção do que é cicatriz e tatuagem, do que é alma livre e corpo selvagem, me traz mansidão e voragem. Palavras são passageiras ou nós é que viajamos nas palavras? Palavras são passageiras se nós não viajamos nas palavras.
marco/17.03.2010.
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